A Divulgação Espírita e a Tecnologia
Por André Luiz Rodrigues dos Santos
Falar de tecnologias nos tempos atuais é algo tão comum que já nem desperta mais a atenção do público, salvo entre aqueles que estão inseridos no segmento ou pelos que apreciam os apetrechos modernos para desfrutar da alta velocidade de processamento de dados ou de conexão e/ou maior qualidade de áudio e vídeo. Porém, antes de analisar o interesse dos usuários por estes aspectos, devemos avaliar a forma com que se tem aproveitado estes recursos pelos prestadores de serviços mundo afora.
Muitos são os artigos e estudos publicados tratando dos efeitos nocivos que o acesso fácil ao mundo virtual tem provocado nos usuários – de todas as idades – e sua interferência nas relações e nos valores morais que regram o comportamento interpessoal.
O que desejamos abordar, partindo desta introdução, a título de reflexão, é o uso da tecnologia na divulgação espírita, em especial através da Internet.
Em recente contato com o Espírito Cairbar Schutel – o Bandeirante do Espiritismo (1868–1938), patrono da Equipe Espiritismo.net –, em reunião mediúnica direcionada aos trabalhadores da equipe durante o encontro realizado no Rio de Janeiro, no mês de junho, através da psicofonia do médium Joaquim Couto, no Centro Espírita Léon Denis, abordamos o uso dos novos recursos de comunicação para disseminar os ideais espíritas, não apenas na quantidade de informações ou o alcance a que chegam, mas na eficiência com que são aproveitados. Disse-nos o emérito orientador que os tempos em que as reuniões públicas realizavam-se restritas às paredes das instituições espíritas já se foram, pois é possível atingir uma área muito maior, como ele mesmo já o fazia através das ondas radiofônicas irradiadas do interior paulista, isso com ações bastantes simples, equipando e capacitando trabalhadores para viabilizar conexões com o ambiente virtual.
Fazendo um pequeno desvio do tema central, existe um (pré) conceito a respeito da rede mundial de computadores que estabelece as seguintes funções para ela: relacionamento, entretenimento, pesquisa e comércio. A princípio, são necessidades básicas de qualquer indivíduo, que poderiam ser supridas pela simples lei da oferta e procura. Entretanto, antes de ser um usuário, com um endereço de e-mail, um apelido e senha, há uma pessoa que busca um sentido para sua existência ou respostas para seus conflitos. Pode parecer meio óbvio, ou até um tanto piegas mencionar “sentido” e “conflitos existenciais” para relacionar o homem e suas dores, mas o que seria encontrado se sondarmos os corações humanos?
O Espiritismo nos chega como um consolador, o Consolador Prometido, para atender às aflições do mundo. A grande questão que surge, então, são os métodos com que esse Consolador chega às pessoas. Dentro dos padrões tradicionais, se alguém desejar ajuda ou aprendizado, ele deve comparecer, preferencialmente, à instituição mais próxima de sua residência. Mas é importante levantar três questões essenciais:
1 – Como ajudar se não houver uma instituição próxima?
2 – Como receber ajuda se não houver possibilidade de se deslocar até a instituição?
3 – Como ser assistido se estiver mal informado ou tiver medo/receios sobre o Espiritismo?
Estas situações são reais e recorrentes nos tempos atuais, observadas constantemente em nossas atividades (estudos e atendimentos) junto ao público “internauta”, que se aproxima para um contato, a princípio despretensioso ou descomprometido, estimulado normalmente por dores e conflitos. Esse público aprende sobre a DOUTRINA ESPÍRITA e se interessa pelas ações oferecidas pelas instituições esforçando-se para buscá-las, quando possível, ou se aprofundar nesse contato a distância para seu fortalecimento espiritual.
Retomando o raciocínio inicial, sobre a divulgação espírita e a tecnologia, mesmo diante dos argumentos acima, não foram, não são e ainda não serão poucas as respostas frustradas recebidas das Casas Espíritas, mesmo as instaladas nas grandes cidades onde os recursos tecnológicos são fartos, ante a proposta de expandir seu campo de ação para levar auxílio aos aflitos do mundo virtual, seja com a criação de um simples website para divulgar informações sobre o Espiritismo, na resposta de um e-mail endereçado à Casa solicitando auxílio ou mesmo na transmissão de uma palestra doutrinária.
Para essas tarefas, são necessários alguns investimentos, humanos e materiais, preparar o grupo para uma nova linguagem de comunicação, capacitação dos trabalhadores para atuar no novo ambiente e reestruturação dos setores para assentar essas novas bases. Aparentemente complexas, tais medidas são simples e de fácil implementação, e que apresenta um resultado significativo em prol da divulgação e auxílio espíritas.
O contexto atual do Brasil, que podemos abordar com mais propriedade por ser do nosso território pátrio, com a expansão da rede de comunicações e o barateamento do acesso a famílias de baixa renda, promoverá a inclusão tecnológica de um volume considerável de novos usuários, ou melhor, de pessoas, curiosas com o novo mundo que se abre, mas também aflitas e sedentas de esclarecimento. Há a necessidade de uma reavaliação, conforme orienta Cairbar, dos métodos e das tarefas para que as instituições contribuam efetivamente acompanhando e auxiliando nas transformações que o planeta irremediavelmente passa e passará.
“O momento agora é de divulgação. Hão de se criar meios de se propagar a Doutrina Espírita para aqueles que querem ouvir. Não o proselitismo, mas a divulgação direcionada para aquelas almas a que Jesus prometeu o Consolador.” – Trecho de psicografia de Cairbar Schutel para o 6º Seminário sobre Espiritismo e a Tecnologia (14/06/2009, CELD – RJ).
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