PARALISIA DO SONO – VISÃO ESPÍRITA
Para o Espiritismo, o cérebro não cria a consciência, sendo, na verdade, uma interface para sua manifestação. Portanto, ainda que se possa encontrar causas fisiológicas associadas à paralisia do sono, sua dinâmica não pode dispensar a natureza dual do ser humano. Aqui fazemos referência à tese do grande psicólogo inglês William James (ver “O prisma de James: uma metáfora para entender a fonte verdadeira da consciência humana”), para citar uma referência fora do contexto espírita. Dessa forma, todas as alucinações, como objetos tangíveis apenas à mente, têm sua origem no elemento espiritual, seja do próprio encarnado que a observa (como produto de sua atividade mental) ou de outras fontes de natureza espírita. Algumas narrativas mediúnicas (como o autor André Luiz, por F. Cândido Xavier) também descrevem Espíritos que têm alucinação, implicando que o fenômeno não termina com a morte física, e nem deveria terminar com a morte, pois sua origem está na mente, que não pode ser destruída.Do lado espírita, são dois os principais fatores que contribuem para explicar as descrições da paralisia do sono:
A natureza dual do ser humano: a evolução (biológica) em curso nos seres humanos prevê experiências que começam a nos preparar para uma vida desdobrada – entre os dois planos da existência (os sonhos seriam uma delas). Isso significa que as ocorrências de paralisia do sono poderiam ser vistas como ocorrências normais de “treinamento” do Espírito encarnado junto ao seu corpo;
“Os Espíritos estão por toda parte”. É provável que muitos relatos de presenças estranhas – na maioria das vezes ligadas a sensações do mal – sejam realmente provocados por Entidades desencarnadas.
Como consequência desses princípios concluímos:
Muitos dos que passam pela paralisia do sono afirmam-se agnósticos ou sem crença religiosa. Porém, durante o fenômeno, pedem proteção a Deus de alguma forma. Isso é um indício de que o indivíduo encontra-se em estado desdobrado, quando raciocina como Espírito e não como encarnado;
Portanto, a paralisia do sono poderia ser descrita como um fenômeno de “desdobramento incompleto”, uma zona limiar entre o início do sono e o estado desperto, quando faculdades típicas do Espírito desencarnado operariam conjuntamente ou de forma perturbada com as faculdades sensoriais de encarnado. Nessa condição a pessoa passa a ver ou interpretar de forma extravagante a presença de Espíritos, que estão sempre a nossa volta.
Obsessão: não acreditamos que a paralisia do sono implique na presença de obsessões e nem que ela se descreva como um processo obsessivo. Dificilmente obsessões restringem sua atuação a ocorrências noturnas, quem sofre de obsessão tem seu período de vigília também alterado;
As sensações de audição de algo ou presença “respirando” próxima podem ser atribuídas à falha de associação do Espírito com seu corpo.
Talvez, o fenômeno da paralisia do sono seja a causa das descrições de “íncubos” e “súcubos” tão abundantes na literatura antiga. Essa tese tem sido explorada em alguns trabalhos e permite descrever alguns mitos culturais.
Como mitigar os efeitos de presenças na paralisia do sono
A explicação espírita tem uma vantagem: ela permite deduzir procedimentos que podem, em tese (e há relatos que o corroboram), reduzir o stress da paralisia. Uma vez considerado que se trate de um fenômeno de desdobramento parcial, consideramos que o controle mental e adoção de uma postura positiva com pedidos de proteção – o que envolve necessariamente a realização de uma prece – pode reduzir drasticamente influências inferiores, ainda que a ocorrência da paralisia não seja eliminada. Como o indivíduo no estado paralisado encontra-se “desperto”, ele pode e dever pedir essa proteção. No trecho abaixo, A. Kardec parece ter resumido a questão:
Ensinam os nossos estudos que o mundo invisível que nos circunda reage constantemente sobre o mundo visível e no-lo mostram como uma das forças da Natureza. Conhecer os efeitos dessa força oculta que nos domina e nos subjuga malgrado nosso, não será ter a chave de muitos problemas, as explicações de uma porção de fatos que passam despercebidos? Se esses efeitos podem ser funestos, conhecer a causa do mal não é ter um meio de preservar-se contra ele, assim como o conhecimento das propriedades da eletricidade nos deu o meio de atenuar os desastrosos efeitos do raio? Se então sucumbirmos, não nos poderemos queixar senão de nós mesmos, porque a ignorância não nos servirá de desculpa. O perigo está no império que os maus Espíritos exercem sobre as pessoas, o que não é apenas uma coisa funesta do ponto de vista dos erros de princípios que eles podem propagar, como ainda do ponto de vista dos interesses da vida material.
A prece permite desvencilhar-se da influência opressora, reduzir ou mesmo eliminar a atuação de Espíritos mal intencionados, além de servir para fortalecer (predispor positivamente) o Espírito de quem passa pela situação. De um jeito ou de outro, somente teremos uma terapia efetiva de controle da paralisia do sono quando todas as causas (tanto físicas como espirituais) forem plenamente conhecidas. Claramente, a contribuição espírita não poderá ser desprezada.
extraído do site eradoespirito
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