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O Consolador Prometido

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Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo: 
"Consolador prometido 
3. Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. -Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito. (S. JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.)
4. Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido. O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos para ouvir." O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores. Disse o Cristo: "Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados." Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho. Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança." 
Kardec - A Gênese: 
Anunciação do Consolador 
35. - Se me amais, guardai os meus mandamentos - e eu pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê; vós, porém, o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. - Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e fará vos lembreis de tudo o que vos tenho dito. (S. João, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26. - O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI.)
36. - Entretanto, digo-vos a verdade: Convém que eu me vá, porquanto, se eu não me for, o Consolador não vos virá; eu, porém, me vou e vo-lo enviarei. - E, quando ele vier, convencerá o mundo no que respeita ao pecado, à justiça e ao juízo: - no que respeita ao pecado, por não terem acreditado em mim; - no que respeita à justiça, porque me vou para meu Pai e não mais me vereis; no que respeita ao juízo, porque já está julgado o príncipe deste mundo. Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas presentemente não as podeis suportar. Quando vier esse Espírito de Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porquanto não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tenha escutado e vos anunciará as coisas porvindouras.
Ele me glorificará, porque receberá do que está em mim e vo-lo anunciará. (S. João, cap. XVI, vv. 7 a 14.)
37. - Esta predição, não há contestar, é uma das mais importantes, do ponto de vista religioso, porquanto comprova, sem a possibilidade do menor equívoco, que Jesus não disse o que tinha a dizer, pela razão de que não o teriam compreendido nem mesmo seus apóstolos, visto que a eles é que o Mestre se dirigia. Se lhes houvesse dado instruções secretas, os Evangelhos fariam referência a tais instruções, Ora, desde que ele não disse tudo a seus apóstolos, os sucessores destes não terão podido saber mais do que eles, com relação ao que foi dito; ter-se-ão possivelmente enganado, quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos, muitas vezes velados sob a forma parabólica. As religiões que se fundaram no Evangelho não podem, pois, dizer-se possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para si a completação ulterior de seus ensinamentos. O princípio da imutabilidade, em que elas se firmam, constitui um desmentido às próprias palavras do Cristo. Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera. Logo, não estava completo o seu ensino. E, ao demais, prevê não só que ficaria esquecido, como também que seria desvirtuado o que por ele fora dito, visto que o Espírito de Verdade viria tudo lembrar e, de combinação com Elias, restabelecer todas as coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro pensamento de seus ensinos.
38. - Quando terá de vir esse novo revelador? É evidente que se, na época em que Jesus falava, os homens não se achavam em estado de compreender as coisas que lhe restavam a dizer, não seria em alguns anos apenas que poderiam adquirir as luzes necessárias a entendê-las. Para a inteligência de certas partes do Evangelho, excluídos os preceitos morais, faziam-se mister conhecimentos que só o progresso das ciências facultaria e que tinham de ser obra do tempo e de muitas gerações. Se, portanto, o novo Messias tivesse vindo pouco tempo depois do Cristo, houvera encontrado o terreno ainda nas mesmas condições e não teria feito mais do que o mesmo Cristo. Ora, desde aquela época até os nossos dias, nenhuma grande revelação se produziu que haja completado o Evangelho e elucidado suas partes obscuras, indicio seguro de que o Enviado ainda não aparecera.
39. - Qual deverá ser esse Enviado? Dizendo: «Pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador», Jesus claramente indica que esse Consolador não seria ele, pois, do contrário, dissera: «Voltarei a completar o que vos tenho ensinado.» Não só tal não disse, como acrescentou: A fim de que fique eternamente convosco e ele estará em vós. Esta proposição não poderia referir-se a uma individualidade encarnada, visto que não poderia ficar eternamente conosco, nem, ainda menos, estar em nós; compreendemo-la, porém, muito bem com referência a uma doutrina, a qual, com efeito, quando a tenhamos assimilado, poderá estar eternamente em nós. O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito do Verdade.
40 - O Espiritismo realiza, como ficou demonstrado (cap. 1, nº 30), todas as condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz se compreenda o que era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade considerava inadmissível. Teve precursores e profetas, que lhe pressentiram a vinda. Pela sua força moralizadora, ele prepara o reinado do bem na Terra. A doutrina de Moisés, incompleta, ficou circunscrita ao povo judeu; a de Jesus, mais completa, se espalhou por toda a Terra, mediante o Cristianismo, mas não converteu a todos; o Espiritismo, ainda mais completo, com raízes em todas as crenças, converterá a Humanidade.(Todas as doutrinas filosóficas e religiosas trazem o nome do seu fundador. Diz-se: o Moisaísmo, o Cristianismo, o Maometismo, O Budismo, o Cartesianismo, o Furrierismo, o São-Simonismo, etc. A palavra Espiritismo, ao contrário, não lembra nenhuma personalidade; encerra uma idéia geral, que ao mesmo tempo indica o caráter e o tronco multíplice da doutrina.)
41. - Dizendo a seus apóstolos: «Outro virá mais tarde, que vos ensinará o que agora não posso ensinar», proclamava Jesus a necessidade da reencarnação. Como poderiam aqueles homens aproveitar do ensino mais completo que ulteriormente seria ministrado; como estariam aptos a compreendê-lo, se não tivessem de viver novamente? Jesus houvera proferido uma coisa inconseqüente te se, de acordo com a doutrina vulgar, os homens futuros houvessem de ser homens novos, almas saídas do nada por ocasião do nascimento. Admita-se, ao contrário, que os apóstolos e os homens do tempo deles tenham vivido depois; que ainda hoje revivem, e plenamente justificada estará a promessa de Jesus. Tendo-se desenvolvido ao contacto do progresso social, a inteligência deles pode presentemente comportar o que então não podia. Sem a reencarnação a promessa de Jesus fora ilusória.
42. - Se disserem que essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, por meio da descida do Espírito Santo, poder-se-á responder que o Espírito Santo os inspirou, que lhes desanuviou a inteligência, que desenvolveu neles as aptidões mediúnicas destinadas a facilitar-lhes a missão, porém que nada lhes ensinou além daquilo que Jesus já ensinara, porquanto, no que deixaram, nenhum vestígio se encontra de um ensinamento especial. o Espírito Santo, pois, não realizou o que Jesus anunciara relativamente ao Consolador; a não ser assim, os apóstolos teriam elucidado o que, no Evangelho, permaneceu obscuro até ao dia de hoje e cuja interpretação contraditória deu origem às inúmeras seitas que dividiram o Cristianismo desde os primeiros séculos. " 
Do livro Porque Sou Espírita, de Américo Domingos: 
"  O Mestre disse que o Consolador 'não faria por si mesmo"  (não é o próprio Deus), 'mas DIRÁ TUDO O QUE TIVER OUVIDO (é  um mensageiro) e vos anunciará as coisas que hão de vir' (João 16:13).
        No meu entender: maior consolo, proporcionado pelas comunicações das falanges do Consolador com os homens, é exatamente a de dar a certeza da imortalidade da alma. Ministrar ao viajor do caminho terreno o alento necessário de que é um espírito imortal, reencarnado, e que o seu destino final é  a perfeição, dentro do Universo'. 
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O CONSOLADOR: ESPIRITISMO 

OU PENTECOSTES ? 
Autor desconhecido 

Aquela ceia, positivamente, foi marcada pela tristeza. Nem bem ela começara e o Mestre declarou ser a última vez que comeria com seus amigos, até que estivesse cumprida a Sua missão. E mais: afirmou que dentre os presentes um O haveria de trair. Muito perturbados, os presentes protestaram inocência, reafirmando sua fidelidade ao Messias. Mas o traidor, por sua vez traído pela consciência, não teve ânimo para ali permanecer, retirando-se. E ao sair ainda ouviu de Jesus o pedido revelador da imensa tristeza que Lhe começava a toldar a alma: - o que tens de fazer, faze-o logoCom efeito, essa angústia foi tão grande que provocaria, mais tarde, o famoso "suor de sangue", fenômeno este que a medicina psicossomática denomina de hematidrose. Este é um fenômeno que ocorre em estados de profunda angústia e que consiste numa grande vasodilatação dos capilares, que se rompem ao nível das glândulas sudoríparas fazendo com que o sangue aflore misturado ao suor. Uma prova a mais de que o corpo de Jesus era de carne. 
Saiu, pois, o Iscariotes, e já era noite (Jo 13,30). E a noite era de Lua cheia, visto que a Páscoa se aproximava. O disco lunar, rebrilhando no céu claro, deve ter feito com que aquele homem seguisse rente às paredes, tentando esconder nas sombras o peso da culpa que levava. E no coração de todos ficou o amargor da dúvida a aumentar o desconforto daquela noite fria. Estava-se em abril e o inverno já acabara naquela região que praticamente só conhece duas estações por ano. Mas embora o dia seguinte, sexta-feira, fosse de um calor esbraseante (Em Há Dois Mil AnosEmmanuel faz pelo menos nove referências ao calor daquele dia), a noite da última ceia foi fria, fato que João não deixou de anotar (18,18). Aos discípulos o Mestre parecia mais enigmático ainda que de costume, falando coisas cujo sentido não captavam de pronto. Tão logo Judas saiu, Jesus fez um longo discurso, iniciando por dizer que para onde ia os apóstolos não poderiam acompanhá-Lo. Inquieto, Pedro ainda arriscou uma pergunta: - Senhor, para onde vais tu? Por que não te posso seguir agora? Eu daria minha vida por ti! 

Pois bem. Foi nesse clima de frio, de medo e de incerteza que em seu discurso de despedida Jesus afirmou: 
-Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador para que fique eternamente convosco. (Jo 14,16) 
- Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (Jo 14,26) 
E assim falando Jesus saiu dali com os onze restantes e atravessou o ribeiro do Cedron, rumo ao Jardim da Oliveiras, enquanto o luar emoldurava de prata aquele triste grupo. E o Mestre prosseguiu falando: 
- Eu tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora. Quando vier, porém, aquele Espírito de Verdade, ele vos ensinará todas as verdades, porque ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido. (Jo 16, 12.13) 
Dali a instantes Jesus estaria preso e no entardecer do dia seguinte morreria a morte na cruz, castigo que Roma reservava aos réus de mais ínfima classe. 
No amanhecer do domingo, contudo, o Senhor da Vida estaria de novo entre seus discípulos. Quarenta dias depois, elevar-se-ia no ar, desaparecendo. 

*** 
Tanto o Catolicismo quanto os duzentos e tantos ramos do Protestantismo asseveram que a vinda do Consolador que Jesus prometera deu-se no dia chamado de Pentecostes, que é 50º dia após a Páscoa. No capítulo 2 dos Atos dos Apóstolos temos a descrição do que ocorreu naquela data. Vamos, então, rememorar o que ali se descreve. 
Logo depois da ascensão de Jesus, portanto a pouco mais de quarenta dias após ter feito a promessa do envio do Consolador, estavam os discípulos reunidos em uma casa quando um grande ruído se fez ouvir. Logo após surgiram no ar umas luminescências e os apóstolos começaram a falar em línguas que desconheciam. Acontece que Jerusalém estava cheia de gente de várias procedências: árabes, medos, partos, elamitas, gregos, etc. e os discípulos, que eram galileus e na maioria incultos, falavam a essas pessoas em suas próprias línguas, o que as embasbacava. É claro que não poderia deixar de haver quem desse uma explicação "lógica" para o fenômeno, alegando que eles assim falavam porque estavam bêbados. Como se o álcool tivesse o dom de ensinar línguas! Se naquele tempo já existissem parapsicólogos, por certo diriam que os apóstolos falavam em línguas que desconheciam porque o "talento do inconsciente" permitia que garfassem no inconsciente dos ouvintes as línguas em que falavam. De qualquer forma, o dia de Pentecostes ficou sendo, para os vários ramos em que se dividiu o Cristianismo, como o dia em que Jesus enviou o Consolador que prometera. Só o Espiritismo diz que não. O Consolador prometido não veio no dia de Pentecostes e sim dezenove séculos mais tarde, pois que o Consolador é o próprio Espiritismo. Sendo duas opiniões contraditórias, uma pelo menos deve estar errada. Então qual será a certa? Examinemos com atenção o que Jesus disse após a última ceia, em paralelo com os fenômenos ocorridos naquele dia de Pentecostes e vejamos se têm razão católicos e protestantes. Dissera Jesus que o Espírito de Verdade ensinaria todas as verdades e relembraria tudo que Ele, Jesus, havia dito. Muito bem. Se o Consolador viria para ensinar todas as verdades é porque Jesus não as havia ensinado na totalidade, coisa que Ele próprio afirmou (Jo 16,12). Na data de Pentecostes houve alguma revelação nova? Não. Ao menos a Bíblia não diz que houve. Na edição da Bíblia publicada pela Enciclopédia Barsa está escrito o seguinte comentário: Esta vinda do Espírito Santo é o cumprimento da promessa de Cristo. Seu principal efeito foi aumentar a graça santificante dos apóstolos e fiéis sobre os quais desceu de forma sensível. Outros efeitos foram: o carisma de falar outras línguas, a coragem de pregar abertamente e um conhecimento extraordinário da doutrina cristã. 

Mas não foi nada disto que o Cristo prometeu. O Consolador deveria vir para ensinar todas as verdades e não apenas para aumentar a compreensão sobre as verdades já conhecidas. Viria também para lembrar o que o Cristo dissera. Para isso seria preciso que o que Ele havia ensinado estivesse esquecido ou adulterado. Mas fazia apenas 50 dias que aquela promessa fora feita e não mais que dez dias que deixara os apóstolos, pela ascensão. Por que, nesse caso, um emissário especial para recordar tudo aquilo que era tão recente? Mas Jesus também dissera que tinha muitas coisas para ensinar ainda, mas que não poderiam ser compreendidas ou suportadas então. Como admitir que apenas 50 dias depois já essas coisas pudessem ser ensinadas, entendidas ou suportadas? E que ensinos tão importantes seriam esses que os Atos dos Apóstolos não revelam? O Cristo prometera verdades novas e não coragem para divulgar as antigas, já ensinadas. E como é possível que esses ensinos complementares o próprio Jesus não os tenha querido fazer a seus discípulos, que não os poderiam suportar, para que, poucos dias após, os mesmos discípulos os fizessem e para pessoas que nem ao menos haviam conhecido os ensinos precedentes de Jesus? Se os ensinos de Jesus precederam os do Consolador é porque o conhecimento daqueles era um pré-requisito para o conhecimento destes. E se os apóstolos falavam línguas que não compreendiam, esses ensinamentos complementares não só iam cair em ouvidos alheios a toda a anterior mensagem cristã, como também os próprios mensageiros, isto é, os discípulos, continuariam a ignorá-los, visto que desconheciam o que falavam. Não é tudo muito incoerente? 
Agora vejamos, à luz do Espiritismo, o que terá, de fato, ocorrido no dia de Pentecostes: nada mais do que a eclosão das mediunidades de efeitos físicos e de psicofonia xenoglóssica. O barulho que se ouviu e as luminescências que surgiram são fenômenos comuns àquela forma de mediunidade. As "línguas de fogo" são simples manifestações ectoplasmáticas. O célebre físico-químico William Crookes, designado que foi pela Sociedade Dialética de Londres para estudar os fenômenos do Espiritismo, escreveu a certa altura de seu relatório: - Vi pontos luminosos saltarem de um e outro lado e repousarem sobre a cabeça de diferentes pessoas.(Fatos Espíritas - F.E.B.) Mas aquelas "línguas" também poderiam ser simples fenômenos elétricos ou magnéticos decorrentes do preparo do ambiente por entidades espirituais (ver Missionários da Luz - F.E.B.) 
O falar línguas estrangeiras nada mais é que a mediunidade xenoglóssica, de que há tantos exemplos nos anais do Espiritismo. E tanto é verdade que aquele fenômeno foi meramente mediúnico, que o apóstolo Pedro, vendo o espanto das pessoas, explicou-lhes o que se passava repetindo as palavras do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne: e profetizarão vossos filhos e vossas filhas, e os vossos mancebos terão visões e os vossos anciãos sonharão sonhos. (At. 2,17). O mais curioso de tudo é que são as próprias religiões que aceitam o Pentecostes como a vinda do Consolador prometido que, paradoxalmente, renegam a mediunidade, atribuindo-a ao demônio, à fraude ou a fatores meramente psicológicos, negando assim a própria explicação de Pedro. 
Tudo isso parece deixar patente que a vinda do Consolador não se deu na data de Pentecostes, visto que as coisas que o Cristo disse que seriam feitas não sucederam, na verdade. 
Quando Allan Kardec recebeu a notícia da missão que lhe cabia, quis saber qual o nome do Espírito sob cuja égide aqueles ensinos se dariam e obteve a seguinte resposta: -Para ti chamar-me-ei A Verdade. Na época nem Kardec, nem ninguém, parece ter percebido a enormidade desta revelação. Seria este o Paráclito que Jesus ficara de enviar mais tarde? A ser assim esse "mais tarde" teria demorado não aqueles absurdos 50 dias, mas dezenove séculos, pois só então as pessoas, consideradas globalmente, estariam em condições de receber os demais ensinamentos que Jesus não quis dar por ser muito cedo para que fossem entendidos ou suportados. Se tais ensinos, que não puderam ser dados pelo próprio Cristo, houvessem sido trazidos e aceitos apenas alguns dias depois, isto faria de Jesus um professor bem medíocre, incapaz de transmitir aquilo que daí a pouco seria ensinado por outro, com sucesso. Não. Foram necessários 19 séculos, mesmo, para que as pessoas pudessem assimilar verdades maiores. E ainda assim, quantos de nós não as podemos suportar nem agora... 
E note-se: Jesus disse que o Espírito de Verdade não falaria por si, mas sim que falaria de tudo o que ouvira dizer (Jo 16,13). Esses ensinos, portanto, seriam o resultado não de uma opinião pessoal, mas de um consenso. Ora, o Espiritismo se estriba exatamente sobre a universalidade do ensino dos Espíritos e Kardec não se cansou de chamar a atenção sobre isto. O Espiritismo não é fruto de uma ou de algumas opiniões isoladas, quer de homens quer de Espíritos, e nisto está a maior garantia de sua veracidade. 
Assim sendo, se para muitos o dia de Pentecostes foi o dia em que Jesus mandou o Consolador que prometera, para os espíritas esse dia só chegaria com a difusão do Espiritismo. O Espiritismo, sim, a par do consolo que derrama, trouxe novas verdades que, sem contraditar nada do que o Cristo ensinara, ampliou-Lhe os preceitos e restabeleceu as verdades mutiladas ao longo dos séculos. Como a verdade deverá ir sendo revelada à medida em que formos adquirindo condições de assimilá-la, é necessário que o Paráclito permaneça conosco "para sempre", tal como dito por Jesus. O Espiritismo veio e aí está, enquanto que o fenômeno de Pentecostes foi uma ocorrência isolada, não obstante as conseqüências que teve na época. 
Vemos por esta forma que o Espiritismo está absolutamente conforme a promessa de Jesus feita naquela noite fria e triste da Palestina, quando a Lua rebrilhou nas gotas de sangue que uma enorme angústia fez verter de Sua fronte atormentada pela perspectiva do suplício que sofreria nas mãos dos que se julgavam detentores da verdade e monopolizadores do bom-senso. 
Aos que assim não pensam, cabe provar o contrário. 
abril/1986 
---- 
Li em uma página o seguinte argumento, contrário ao Espiritismo e afirmando que O Espírito Santo ensinou coisas novas: 
" O Espírito Santo ensinou coisas aos discípulos que não foram ditas ou esclarecidas por Jesus, pois
não era o momento. Veja esses exemplos:
Os gentios - Por muitos séculos, os judeus mantiveram uma atitude inamistosa para com Os gentios
(ou: não judeus), achando que estes eram indignos de ser chamados povo de Deus. E no inicio da
formação da Igreja Cristã, a maioria provinha do judaísmo, trazendo consigo tal concerto. Contudo, a começar pelo apóstolo Pedro, o Espírito Santo demonstrou que "Deus não faz acepção de pessoas, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável". (At 10:34, 45).
Circuncisão - Deus havia firmado uma aliança com Abraão e, tanto ele como os seus descendentes
masculinos deveriam ser circuncidados. Em resultado disso, os israelitas desprezavam os gentios,
chamando-os de "incircuncisos" (um termo pejorativo). Isso influenciou muitos judeus convertidos ao
Cristianismo no sentido de exigir tal prática dos gentios, querendo, inclusive, que estes guardassem a Lei de Moisés com todos os seus estatutos a fim de serem salvos. Porém, o Espírito Santo, mediante os
apóstolos, orientou a questão, deixando claro que os cristãos "incircuncisos" não precisariam
submeter-se a tal prática nem guardar todas as observâncias da Lei de Moisés. Antes, a salvação, tanto de judeus quanto de gentios, viria pela fé em Jesus Cristo. Disse o Espírito Santo por meio do apóstolo Paulo: "Porque não é judeu aquele que o é por fora, nem é circuncisão aquela que o é por fora, na carne. Mas judeu é aquele que o é no intimo, e a sua circuncisão é a do coração". (At 10 a 15 e Rm 2:28, 29)." 
Ora, toda a pregação de Jesus foi voltada para a prática da caridade, do amor ao próximo, com os gentios ou quem quer que seja. Não faz sentido esse argumento! Basta lermos a  parábola do bom samaritano,  e vermos que Ele ensinou claramente que não importam as fórmulas exteriores, mas o amor ao próximo. 
E o mesmo texto afirma em seguida: 
"Também, além de querer assumir o lugar do Espírito Santo, o Kardecismo tentar mudar sua identidade, afirmando que o Espírito Santo é um conjunto ou "falange de espíritos superiores".  A Bíblia, porém, apresenta o Espírito Santo como uma pessoa, ou seja, um ser com atributos e características pessoais (João 16:13, 14). Ele é Deus, assim como o Pai e o Filho (Atos 5:3,
4). Sendo, portanto, integrante da Trindade, possui todos os atributos próprios da Divindade:
onipotência (Jó 26:13; 33:4; Romanos 15:13, 19); onisciência (I Coríntios 2: 10, 11; Ezequiel 11:5);
onipresença (Salmo 139:7-l0; João 14:17); eternidade (Hebreus 9:14; Salmo 90:2) etc. " 
Cada caso é um caso. No caso do Consolador, no grego, ao falar no Espírito, Jesus usa um pronome neutro, como o "it" em inglês. Portanto, ao menos nesse caso o Espírito Santo/Espírito da Verdade não é uma pessoa. Em outro site, em texto que tenta contrariar a autoridade do Espiritismo como III Revelação:
"Na carta aos Efésios, Paulo deixa claro que o verdadeiro cristianismo é fundamentado nos ensinamentos dos apóstolos e nos profetas, ou seja, no Velho e no Novo Testamento, pois é lá que encontramos as profecias, as doutrinas e os ensinamentos únicos e sublimes de Jesus Cristo. Paulo levava tão a sérios os ensinamentos passado por ele e os demais apóstolos que, na carta aos Coríntios,  declara:   “para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito”. É lógico que Paulo estava falando do Velho Testamento que estava escrito e já era considerado sagrado e do Novo Testamento, que em sua época estava praticamente todo escrito.  " 
Primeiro, vejamos o que Paulo diz sobre não ir além do que está escrito: 
"Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel. Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque, embora em nada me sinta culpado, nem por isso sou justificado; pois quem me julga é o Senhor. Portanto nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará ã luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o seu louvor. Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, de modo que nenhum de vós se ensoberbeça a favor de um contra outro. " (1 Coríntios 4:1-6) 
Paulo não nega a possibilidade de novas revelações, não nega o Cristo, que disse que não havia dito tudo e que o Consolador viria para ensinar novas verdades. O "escrito" aqui é o que ele mesmo diz quanto ao comportamento que se deve adotar ("nada julgueis antes do tempo...") e não as escrituras. 
Quanto a Efésios: 
"edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; " (Efésios 2:20) 
Falando em "profetas" não está Paulo se referindo a todo o Velho Testamento. 
Jesus afirmou: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.  Este é o grande e primeiro mandamento.  E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.  Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Matheus 22:37-40) 
Paulo também disse: "Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. (Romanos 13:9)" 
  O que aí não se inclui, são quinquilharias humanas. Jesus não trabalhou aos  sábados; não permitiu que apedrejassem a adúltera; foi contra o divórcio, contrariando Moisés,  pois, afinal, eram leis de Moisés, leis para  doutrinar aquele povo, e não leis divinas, que nunca se alteram. 
No Sermão da Montanha, Jesus revogou algumas coisas do Antigo Testamento, retificando o que era humano nas leis mosaicas: "Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes.Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. " (Mateus 5:38-48) 
O Cristianismo está fundamentado, sim, na lei do AMOR. Mas nada disso nega o fato de havia verdades para serem reveladas. E também o Consolador precisaria relembrar a lei do amor, pois os homens se esqueceram e passar a ver em Cristo o Deus que se fez carne para tirar o pecado do mundo e não o modelo e exemplo que todos os cristãos devem ter para seguir para Deus.

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