A Eucaristia para o Espiritismo
O QUE SE COMEMORA NO FERIADO DE CORPUS CHRISTI?
Como começou a comemoração de Corpus Christi? Segundo narração católica, uma garota chamada Juliana nasceu em Liège em 1192 e participava da paróquia Saint Martin. Com 14 anos, entrou para o convento das agostinianas em Mont Cornillon, na periferia de Liège. Com 17 anos, começou a ter 'visões'. O Papa Urbano recebeu o segredo das visões da freira. Uma das visões, retratava um disco lunar dentro do qual havia uma parte escura. Isto foi interpretado como sendo uma ausência de uma festa eucarística no calendário litúrgico para agradecer o sacramento da Eucaristia. Então, a festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula 'Transiturus' de 11 de agosto de 1264, 6 anos após a morte da irmã em 1258, com 66 anos. Juliana foi canonizada em 1599 pelo Papa Clemente VIII. E a festa era para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. O Papa Urbano tornou mundial a Festa de Corpus Christi, pouco antes de morrer. Nesta data os católicos comemoram a presença real de Jesus Cristo no sacramento da Eucaristia. Mas, o que é Eucaristia?Eucaristia é uma palavra grega, cujo significado é "reconhecimento", "ação de graças", é uma celebração em memória da morte sacrificial e ressurreição de Jesus Cristo. Também é denominada "comunhão", "ceia do Senhor". É um ritual que reproduz a última ceia, onde Jesus disse: "Este é o meu corpo . . . isto é o meu sangue . . . fazei isto em memória de mim", com o intenção da comunhão (comum-união) entre os católicos e Jesus. A hóstia, acreditam eles, ser o próprio corpo do Cristo (Corpus Christi em latim), e o vinho o sangue.
Mas, os protestantes da Reforma de Lutero, negavam a presença real de Cristo na Eucaristia. Por isso, o catolicismo fortaleceu o decreto da instituição da Festa de Corpus Christi, obrigando o clero a realizar a Procissão Eucarística nas ruas das cidades, como manifestação pública da fé na presença real de Cristo na Eucaristia. Tornou-se, então, uma disputa entre católicos e protestantes.
Então, o que significa, para os espíritas, a frase: "Este é o meu corpo . . . isto é o meu sangue . . . fazei isto em memória de mim"? Jesus, na última refeição que fez com os apóstolos, tomou de um pão, deu graças e repartiu entre eles, dizendo ser (simbolicamente) o "seu corpo", oferecido por eles. Da mesma maneira Jesus fez com o cálice de vinho, dizendo ser (simbolicamente) seu sangue, que também seria derramado para beneficia-los. E pediu: "façam isto em memória de mim."
Para nós espíritas, Jesus pediu para que os apóstolos (do cristianismo) compartilhassem uns com os outros o pão de cada dia, seja o pão de trigo, seja o pão do espírito, o pão da dor ou da alegria. Enfim, que doassem e se doassem, derramando sangue, se preciso fosse, assim como ele fez por nós. Ele fez este pedido porque sabia que sua doutrina não seria de fácil aceitação, por isso concluiu:"se me perseguiram, também perseguirão a vós outros." Tanto que seus apóstolos foram perseguidos e mortos barbaramente. Exemplo: Pedro, foi crucificado de cabeça para baixo. E os cristãos novos morreram nas arenas comidos por leões. E Jesus conclui pedindo que fizessem isto em memória dele, ou seja, para que seus ensinamentos não ficassem esquecidos.
O que devemos observar é que não devemos levar tudo que Jesus falou ao pé da letra. Vejamos como exemplo esta outra passagem onde Ele disse: "Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede." Se levarmos ao pé da letra, muitos cometerão suicídio, acreditando que irá até Jesus para não sentir mais fome. O que seria um absurdo. E os que creem Nele se perguntam "por que ainda sentem sede." Mas o que Jesus quis dizer é que seus ensinamentos é o pão que alimenta nossa alma. E aquele que buscá-los, nunca mais terá fome e sede, porque esta fonte, farta, pura e cristalina de seus ensinamentos, nos oferece uma perspectiva de vida mais nobre, bela e digna, marcada pelos valores do Bem e da Virtude.
Então perguntemos: "Mas, por que há uma busca em igrejas e templos religiosos do pão que sacia a fome e da água que sacia a sede, mas muitos continuam sedentos?" Porque falta-nos a iniciativa de vivencia-las. Pois, isso pede algumas mudanças drásticas em nossa vida, que nem sempre estamos dispostos a efetuar. Por exemplo: perdoar, superar as ambições, eliminar os vícios, combater os impulsos agressivos, ajudar o semelhante . . . Porque como disse André Luiz: “O semelhante é a ponte que nos leva à Deus.” Mas, ainda há os que acreditam agradar Deus e Jesus como no tempo de Moisés: com rituais, oferendas, trocas, barganhas, sacrifícios de corpos e dispensar algumas horas no templo religioso. Respeitamos tais procedimentos de outras religiões, mas precisamos mostrar a visão espírita sobre o assunto. Nós espíritas, não adotamos rituais. Acreditamos que o sacrifício que devemos fazer é o de alma. Por isso, não basta reconhecermos o sacrifício de Jesus ou ensenar seus gestos como se fosse um teatro. Temos que vivenciar seus ensinamentos nas palavras e atos, o que é muito mais difícil. Por isso, o Espiritismo enfatiza a necessidade da Reforma Íntima.
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